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DIÁLOGO 8

CLIMA E EMPREGO

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   O ENFRENTAMENTO DA CRISE CLIMÁTICA PODE SER UM MOTOR DE CRESCIMENTO E GERAÇÃO DE EMPREGOS, MAS REQUER PLANEJAMENTO E AÇÕES COORDENADAS

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Na oitava edição da série Diálogos Futuro Sustentável, promovido pelo Instituto Clima e Sociedade (iCS) e a Embaixada da Alemanha no Brasil, lideranças de entidades representativas de trabalhadores, institutos de pesquisa, especialistas e gestores públicos reuniram-se para debater como a crise climática afeta o mundo do trabalho. O evento internacional aconteceu durante a Semana do Clima da América Latina e Caribe, que em 2019 ocorreu em Salvador.

Segundo o relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT), 24 milhões de novos empregos podem ser criados globalmente até 2030, se forem implementadas políticas para enfrentar a crise climática e promover uma economia mais limpa. 

Lutz Morgenstern, Primeiro-Secretário para Assuntos Ambientais da Alemanha no Brasil, ilustrou o potencial do combate às mudanças climáticas como motor de crescimento e geração de empregos.

“Na Alemanha, 1 em cada 30 empregados deve seu trabalho a implementação de políticas climáticas. Cerca de 1 milhão de pessoas trabalha na área de prestação de serviços de proteção ambiental, saneamento e eficiência energética de edifícios. Quase 300 mil empregados atuam no setor das energias renováveis e outras 85 mil pessoas trabalham na produção de bens utilizados no combate à mudança do clima.”

Lutz Morgenstern

Primeiro-Secretário para Assuntos Ambientais da Alemanha no Brasil

Para Ana Toni, Diretora Executiva do iCS, a alta taxa de desemprego no Brasil pode estar ocorrendo justamente porque ainda não apostamos na economia do futuro.

“Precisamos alavancar uma reindustrialização, tendo a bioeconomia como base. Para isso, é preciso treinar a mão de obra viabilizando que as pessoas tenham as competências para aproveitar essas oportunidades que estão surgindo e assegurar que esses empregos não sejam precários.”

Ana Toni

Diretora Executiva do Instituto Clima e Sociedade (iCS)

TRANSIÇÃO JUSTA

As discussões sobre clima e o mundo do trabalho ganharam maior destaque a partir da inserção do conceito de transição justa no Acordo de Paris em 2015, por meio do qual, 195 países assumiram compromissos de redução de emissões para enfrentar a crise climática.

De acordo com Montserrat Mir, Assessora Especial do Centro de Transição Justa da Confederação Sindical Internacional (CSI), esse foi um grande marco, trazendo de forma mais significativa a dimensão social para as discussões climáticas.

“Foi um primeiro passo importante para preparar nossos trabalhadores a desempenharem seu papel, uma vez que nem todos nossos membros entendiam a mudança climática como uma prioridade. Com isso, tivemos progressos como sindicados sugerindo aos governos a criação de grupos de força-tarefa como uma forma de preparar-se para uma transição justa. Em países como Nova Zelândia, Canadá e Alemanha alianças desse tipo foram criadas.”

Montserrat Mir

Assessora Especial do Centro de Transição Justa da Confederação Sindical Internacional (CSI)

A cidade de Bottrop, na Alemanha, que tinha a sua economia fortemente dependente da indústria de carvão conseguiu fazer uma transição para renováveis preservando empregos. O governo local alcançou a menor taxa de desemprego da região, gerando em média 1200 novos empregos por ano desde 2015.

“Soubemos com 20 anos de antecedência que a última mina de carvão deveria fechar em 2018. Assim, conseguimos nos preparar para essa transição. Investimos 200 milhões de euros para alavancar os setores de energias renováveis, eletrificação, mobilidade e construções verdes, sendo a maior parte deste investimento proveniente da iniciativa privada.”

Tilman Christian

Chefe da Divisão de Planejamento Ambiental da cidade de Bottrop, na Alemanha.

DESAFIOS NO BRASIL

A Prefeita de Brasileia, localizada no Acre, Fernanda Hassem, trouxe ao diálogo um exemplo prático de preservação do ambiente, desenvolvimento econômico e geração de renda para a população. A cidade tem em seu território uma reserva extrativista de 470 quilômetros, cujo manejo vem sendo realizado há décadas, mas nos últimos anos conta com o Programa Floresta em Pé, que oferece subsídio à atividade dos 3 mil extrativistas que moram dentro da reserva.

“Investimos muito na agricultura familiar, provando que dá pra deixar a floresta de pé e produzir. Hoje a prefeitura adquire toda a produção dos 130 agricultores familiares, atendendo a necessidades dos nossos hospitais, escolas, creches, abastecemos todo o mercado da cidade.”

Fernanda Hassem

Prefeita de Brasileia localizada no Acre

Daniel Gaio, Secretário Nacional de Meio Ambiente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), destacou que o setor de energias renováveis começa a divulgar dados confiáveis sobre empregos. Hoje são gerados 11 milhões de empregos no mundo e o Brasil tem lugar de destaque em segmentos como hidrelétricas e outras energias renováveis, que têm crescido. O Brasil é o País que mais emprega no segmento de biocombustível, mas há ainda desafios no que se refere a qualidade dos empregos gerados.

“Precisamos entender os desafios para construir oportunidades e é em diálogos como esse que elas surgem. Para então construir alianças frente a esse cenário tão adverso no Brasil e no mundo.” 

Daniel Gaio

Secretário Nacional de Meio Ambiente da Central Única dos Trabalhadores (CUT)

Clemente Ganz Lúcio, Diretor Técnico do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), destacou que não há solução para o problema do clima sem investimento estrutural, inclusive do setor privado.

“Temos que nos mobilizar para resistir e propor outras trajetórias, seja no micro, em uma prefeitura por exemplo. Significa que temos de preparar os cidadãos para fazer essa discussão e talvez, amanhã, eles virem prefeitos e prefeitas porque foram capazes de discutir uma situação complexa. E precisam ser ousados para construir uma comunidade. É urgente voltar a tratar essa questão como essencial.”

Clemente Ganz Lúcio

Diretor Técnico do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (DIEESE)

 

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