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DIÁLOGO 9

CLIMA E JUVENTUDE

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A nona edição da série Diálogos Futuro Sustentável, promovida pelo Instituto Clima e Sociedade (iCS) e a Embaixada da Alemanha no Brasil, reuniu lideranças jovens com diferentes visões de mundo para debater como a crise climática afeta a juventude. O evento internacional aconteceu durante a Conferência Brasileira de Mudança do Clima, em Recife, no dia 7 de novembro.

Segundo a pesquisa Global Shapers Forum, realizada pelo Fórum Econômico Mundial com mais de 30 mil jovens de 186 países, incluindo o Brasil, a mudança climática e a destruição da natureza foram apontadas como a questão global mais importante por 48% dos entrevistados.

A preocupação com as atuais e futuras gerações tem sido pauta das negociações internacionais de clima e também faz parte do texto do Acordo de Paris, por meio do qual, 195 nações se comprometeram com metas de redução de emissões de gases de efeito estufa para frear o aumento médio da temperatura global. Mas essa demanda se tornou mais explícita há pouco mais de um ano, quando milhares de jovens foram às ruas para pressionar por ações mais ambiciosas diante da crise climática.

“Na Alemanha esse movimento foi muito eficiente. Funcionou como um game changer. Sem esses protestos o programa climático acordado em setembro de 2019 pelo governo da Alemanha certamente não seria tão ambicioso. Isso foi dito pela própria chanceler Angela Merkel.”

Maria Könning-de Siqueira Regueira

Cônsul-Geral da Alemanha no Recife

No Brasil, apesar de crescente, o engajamento dos jovens em questões relacionadas a mudanças do clima enfrenta desafios adicionais. Alice Amorim, Coordenadora de Política Climática do iCS, questiona o que significa ser um ativista climático no Brasil, um país onde tantos jovens são vítimas da violência, enfrentam problemas como racismo, exclusão social, desemprego.

“A crise climática afeta a todos nós. Já está afetando hoje, mas a forma de afetar muitas vezes é invisível. Trazer essas controvérsias para a mesa é um desafio, mas é de fundamental importância, por isso esse diálogo se propõe a isso.”

Alice Amorim

Coordenadora de Política Climática do iCS

De acordo com a Pesquisa Juventudes e Conexões, da Fundação Telefônica, dentre as causas sociais consideradas mais relevantes e que os jovens brasileiros estão mais dispostos a se engajar, questões relativas a meio ambiente e mudanças climáticas aparecem em nono lugar, citadas por 11% dos jovens entrevistados como mais importantes para o País. À frente de mudanças climáticas, estão questões como educação, segurança pública, combate à corrupção, alimentação saudável. Todas essas são pautas melhor equacionadas em países desenvolvidos onde as greves climáticas registraram participantes na casa de milhares.

“Quando eu comecei a me envolver na pauta climática, achava estranho como era a única pessoa no meu bairro a falar disso. Quando eu comecei a observar essa questão, percebi que eu moro na periferia e que maior parte das pessoas da periferia é negra e tem muitas coisas para se preocupar. É difícil chegar para as pessoas da sua família, que às vezes estão desempregadas e que tem um milhão de problemas, e propor uma conversa sobre clima.”

Karina Penha

Engajamundo (Maranhão)

Com criatividade e uma linguagem mais acessível, os jovens estão conseguindo comunicar o senso de urgência que os cientistas vêm alertando há muitos anos sobre a mudança do clima.

AÇÃO TRANSFORMADORA

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   MOBILIZAÇÃO JOVEM AJUDA A INSERIR A QUESTÃO CLIMÁTICA NO COTIDIANO DAS PESSOAS E CATALISAR AÇÕES MAIS AMBICIOSAS PARA SEU ENFRENTAMENTO

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“A ciência está compartilhando uma mensagem há muito tempo que os tomadores de decisão não ouvem, mas que nós jovens estamos ouvindo e estamos aqui para levantar essa voz que não está sendo ouvida há décadas. Uma voz que é baseada em ciência, em métodos e não em opinião ou algo do tipo.”

Nayara Almeida

Ativista do Movimento Fridays for Future (Brasil)

A mudança do clima é um tema que afeta a perspectiva de futuro dos jovens em muitos aspectos, inclusive no mundo do trabalho, uma vez que impacta diretamente a economia, sobretudo do Brasil, que é extremamente dependente do clima.

“A mudança climática vai começar a afetar, se não começarmos a tratar agora esse problema, principalmente os nossos países que estão em desenvolvimento. Isso porque somos exportadores de commodities e isso afeta diretamente a produção de alimentos.”

Túlio Gadelha

Deputado-Federal pelo PDT-PE

Gadelha destacou ainda a importância de lutar por mais participação dos jovens na política, assim como a ativista Rebecca Freitag, do Fridays for the Future (Alemanha). Ela mencionou que jovens com menos de 30 anos representam a metade da população mundial, sendo que a participação desses jovens nos parlamentos é de apenas 2%.

“Os jovens estão saindo às ruas, lembrando os políticos sobre suas responsabilidades. Isso é um ato muito político. Por isso que é tão importante empoderar os jovens também do ponto de vista político, por exemplo, reduzindo a idade para poder votar, aumentando sua participação nos parlamentos, porque eles estão negociando nosso futuro sem nós.”

Rebecca Freitag

Fridays for the Future (Alemanha)

Igor Vieira, do Engajamundo (Pernambuco), defende que é importante trazer a discussão climática para a perspectiva local. Para ele, as negociações internacionais nas Conferências das Partes da Convenção das Nações Unidas (ONU) Sobre Mudanças Climáticas não conseguirão resolver sozinhas a crise atual.   

“O Acordo de Paris é uma ferramenta importantíssima para que as nações consigam cumprir metas, mas nós pessoalmente também precisamos ter metas. E é sobre essas metas políticas que a gente precisa começar a trabalhar.”

Igor Vieira

Engajamundo (Pernambuco)

Cássia Oliveira Moraes, fundadora do Youth Climate Leaders, complementou dizendo que essa perspectiva local e global ajuda a estabelecer conexões que potencializam o trabalho de ativistas jovens.

“É quase abrir um mundo novo. Quando você descobre que não está sozinho. E isso é muito importante nesse momento. Já é difícil para quem está há muitos anos trabalhando com clima. Então você ter pessoas ao seu lado que vão lutar junto, mas ao mesmo tempo deixar o trabalho mais leve, é muito importante.”

Cássia Oliveira Moraes

Fundadora do Youth Climate Leaders

Para Joyce Najm Mendez, Climate Reality Project (Paraguai), a mudança climática atua como uma força motora para desencadear as transformações que precisamos nos modos de vida, modelos de produção e consumo para fazer frente a essa crise. 

“Trata-se de uma transição paradigmática que estamos tendo a nível civilizatório. Essa visão ‘glocal’, ou seja, global mais local, e a facilidade do jovem de criar pontes, seu pensamento disruptivo e habilidade de ser catalisador de processos, permite hackear espaços e trazer novas perspectivas.”

Joyce Najm Mendez

Fundadora do Youth Climate Leaders

Mirin Ju Yan Guarani, jovem indígena do povo guarani, lembrou que tão ou mais importante do que ter respostas é a capacidade de fazer perguntas, sendo que a característica questionadora é marcante entre os jovens.

“A gente não está aqui para falar o que querem saber porque o que querem saber são perguntas que as respostas são inconclusivas. Nós queremos mostrar novas perguntas. Nós queremos trazer novos paradigmas para a humanidade Está tudo interconectado. É a interdependência que a ciência está tentando explicar e hoje entende melhor porque está aceitando, em certa medida, a sabedoria dos povos ancestrais.”

Mirin Ju Yan Guarani

Jovem indígena do povo guarani

A construção de ações conjuntas e articuladas é um dos desafios para enfrentar a mudança do clima. Segundo Lutz Morgenstern, Primeiro-Secretário para Assuntos Ambientais da Alemanha no Brasil, a mobilização dos jovens em torno das greves climáticas é um caso de sucesso nessa linha. Ele destacou os resultados alcançados na Alemanha, onde os jovens levaram 1,4 milhão de pessoas às ruas, um número expressivo considerando que, em todo o mundo, 7 milhões de pessoas aderiram às manifestações.

“Esse movimento jovem colocou uma crítica fundamental para o governo, mas de uma maneira construtiva realmente para transformar as coisas. Na Alemanha, esse movimento teve grande sucesso e acho que vamos dar passos ainda mais ambiciosos nas políticas ambientais graças a ele."

Lutz Morgenstern

Primeiro-Secretário para Assuntos Ambientais da Alemanha no Brasil.

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